Há 30 anos, Marília Berzins se dedica ao tema do envelhecimento. Doutora em Saúde Pública (USP) e presidente do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento, a especialista em Gerontologia é ainda organizadora do livro Políticas Públicas para um País que Envelhece. Marília conversou com a Panorama sobre O fenômeno do envelhecimento que vivemos atualmente
Entrevista
Marília Berzins, doutora em Saúde Pública (USP) e presidente do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento
Marília Berzins – Estamos vivendo o século do envelhecimento, e a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece este fator como a maior conquista recente da humanidade. Estarmos vivendo mais é um triunfo do conhecimento científico, social e econômico. Entretanto esta nova realidade traz desafios. Alguns países enriqueceram e, depois, a população começou a envelhecer. Na América Latina, estamos envelhecendo e tentando melhorar o patamar econômico. Então nem sempre o fato de vivermos mais significa que vivemos melhor. Um dos entraves para isso é o compromisso que precisa ser assumido pelo poder público com a longevidade.
Marília Berzins –A velhice não nos tira a capacidade de sonhar, de produzir, criar e ressignificar a vida. Isto é um processo natural humano, e não de anos contados. O acúmulo dos anos deveria ajudar a reorganizar a vida. Podemos ser produtivos por quanto tempo quisermos, mas o sustento precisa ser provido pelo Estado, pela aposentadoria. Temos inúmeros exemplos de pessoas públicas que continuam produtivas, como artistas, jornalistas e políticos.
Marília Berzins – Há ainda vários mitos predominantes na sociedade sobre o envelhecimento, como a dependência e a incapacidade e que, por isso, idosos não produzem mais e são inaptos para o gerenciamento de suas vidas. Isto não é verdade. Precisamos desconstruir este mito que reduz a velhice, esta importante fase da vida do ser humano, à incapacidade. Desta forma, contribuiremos para uma sociedade que seja boa para todas as idades.
Marília Berzins – Viver é envelhecer e envelhecer é viver. A vida é o bem mais precioso que temos e, independentemente da idade, temos que vivê-la bem. Para ter uma velhice com qualidade, precisamos aprender a viver com a perspectiva de que vamos ficar velhos, é preciso pensar na saúde, em termos de prevenção, pensar na renda, ter sonhos. Precisamos avançar na cultura do pró-envelhecimento. Os jovens de hoje precisam ter consciência disso, desta maneira vão pensar em seu futuro.
Fonte: https://panorama.eurofarma.com.br/pt_br/blog/post/envelhecer-e-viver